Moradores de rua denunciam truculência da Guarda Municipal de Rio do Sul
No dia 1° de maio a prefeitura encerrou o convênio com a Casa de Assis, projeto que atende moradores de rua de Rio do Sul. Sem abrigo e dormindo debaixo de marquises, moradores afirmam que estão sofrendo perseguição da Guarda Municipal
De acordo com moradores de rua de Rio do Sul, a Guarda Municipal (GM) vem apreendendo seus pertences, inclusive cobertores e remédios. “Querem nos eliminar”, disse um dos moradores de rua ao Jornal Alto Vale Online.
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“Tiraram o convênio da Casa de Assis e nós temos que ir morar na rua. A Guarda Municipal disse que a ordem é de tirar nossas coisas e queimar”, disse um dos ouvidos pelo jornalista Aurio Gislon. “Tem foto de uma pessoa da assistência social jogando cobertas no lixo. Cobertas e outras coisas que foram recolhidas pela Guarda Municipal”, continuou.
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“Estão querendo nos eliminar. Essa é a impressão. Comentaram que o prefeito quer pegar moradores de rua e levar pra rodoviária e expulsar da cidade”, disse ainda.
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Pressão para fechar a Casa de Assis
De acordo com um dos moradores que continua sendo parcialmente atendido na Casa de Assis, um comerciante do Bairro Canoas (não quis citar o nome), encabeçou abaixo assinado com outros empresários para tirar a Casa de Assis do Bairro Canoas. Isso teria levado a prefeitura a encerrar o convênio, que cedeu à pressão de uma pequena parcela de pessoas, ricas.
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No entanto, de acorde com a coordenadora do projeto, Patrícia Souza, a Casa de Assis é um projeto coordenado pelo terceiro setor e a prefeitura não tem poder de fechar, mas sem o convênio praticamente inviabiliza o projeto e hoje os serviços e o pessoal estão reduzidos.
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Não cabe ao estado julgá-los e condená-los por viverem na rua. Cabe ao estado atender esses moradores em situação extrema de pobreza com políticas públicas de assistência social, direito garantido em lei para amenizar o sofrimento dessa população. Cada um tem uma história específica. O que eles têm em comum é a miserabilidade e o sofrimento de viverem na rua.
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O morador de rua Emerson Fabrício Catarina, informou que hoje Rio do Sul tem 86 moradores de rua cadastrados. Por iniciativa própria parte dessas pessoas estão se organizando para manter o mínimo de atendimento na Casa de Assis. Como exemplo Emerson mostrou uma oficina de artesanato e disse que vão vender esse artesanato no Centro de Eventos, numa feira no sábado, 24 de junho.
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Outra iniciativa dos próprios moradores, com apoio da coordenação da Casa de Assis, é a elaboração de um documento para ser entregue ao Ministério Público, denunciando o encerramento do convênio e a truculência da Guarda Municipal.
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Continuar ouvindo
O Jornal Alto Vale Online tentou contato com o comandante da Guarda Municipal, Eder Kreusch, mas não o encontrou em duas oportunidades. O jornal está a disposição para ouvi-lo.
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Também procuramos o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Ricardo Pinheiro, que explicou que a ação da secretaria neste momento é de abordagem social para que os moradores de rua voltem para suas casas, superem vícios e se reintegrem ao mercado de trabalho. Sobre a possibilidade de retomada do convênio com a Casa de Assis o secretário até o momento da publicação desta matéria ainda não se manifestou.
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O Jornal continua a disposição do secretário, dos moradores de rua, da coordenação da Casa de Assis e do Ministério Público. Também quer ouvir o prefeito José Thomé.
Acima as pessoas que participaram da conversa com o jornalista Aurio Gislon:
– Eliseu Rodrigues Pereira
– Emerson Fabrício Catarina
– Simone do Prado
– Uechelee Raul Alves Fagundes
O Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional de Rio do Sul pediu ao secretário Ricardo o retorno do convênio com a Casa de Assis.
Vídeo dos moradores de rua enviado ao Jornal Alto Vale Online para mostrar a realidade da rua, agravada com o fim do convênio com a Casa de Assis. Vídeo da madrugada fria desta segunda-feira, 19 de junho.